O melhor episódio da 2° temporada de The Last Of Us, talvez um dos melhores de toda a série.
Com a volta do Joel temos o episódio de flashback da temporada. Um episódio com o dedo do criador desse universo, Neil Druckmann. É absurda a diferença e carinho que esse episódio recebeu em comparação aos outros.
Esse retorno do Joel denota a tamanha falta que ele faz em The Last Of Us. Um trabalho absolutamente fantástico de Pedro Pascal com uma atuação sutil, nos detalhes, mas extremamente emocionante. A presença dele é algo que faz muita falta, não só para a Ellie, mas para nós e isso ficou claro aqui.
No início acompanhamos um flashback do Joel e Tommy na adolescência envolvendo uma situação que os colocaria em confronto direto com seu pai. Então, desde cedo o Joel toma as decisões que o colocam como responsável por atos que ele julga estar defendendo e protegendo quem ele ama de algum perigo.
Isso leva diretamente a decisão que tomou no hospital na temporada passada de The Last Of Us. Acabar com aquelas pessoas que colocaria a vida da Ellie em risco, uma situação que faria ele perdê-la. Não poderia aceitar isso. Tomou a decisão difícil e agiu. Aqui neste episódio, finalmente temos a resolução do caso Eugene. Esse é mais um caso em que ele toma uma decisão para proteger quem ele ama.
No entanto, não é apenas uma decisão por si, é uma decisão que ele toma por outra pessoa, ele abomina o direito do outro indivíduo decidir por si próprio. Ele fez isso no hospital, fez isso quando mentiu para a Ellie chegando a Jackson, fez isso com o Eugene e mentiu para ela de novo. É um padrão. E ele não é o vilão por isso, é a forma dele cuidar e proteger as pessoas ao seu redor. Como se colocou à frente do seu irmão quando confrontado pelo seu pai lá no Texas muito antes do vírus.
Esse episódio de The Last Of Us pela perspectiva do Joel nos deixou mais apegados e próximos da história. O episódio é uma pura excelência de carga dramática.
Desde quando Tommy leva a Ellie para a casa dele porque ela queimou o braço, expondo sua preocupação e cuidado com a sua filha. Naquele momento ele já estava e se colocava na posição de pai, era inevitável. Ao passar dos anos a preocupação dele em demonstrar o que sente com atos de serviço no aniversário dela. Se preocupa em levar um bolo para ela, cuidar e personalizar o violão, até cantar a pedido dela.
Esse é um dos momentos que mais me pegou de jeito no episódio. Foi impossível não se emocionar.
Não é apenas o Joel cantando só porque ela pediu, é ele dizendo o que sente por ela, expondo seus sentimentos e abrindo seu coração com Future Days. Um dos momentos mais esperados de The Last Of Us. Atos de serviço. Assim como o encontro com o dinossauro e a sua preocupação com ela ao subir em cima do T-Rex ou com todo o seu carinho ao realizar o sonho dela de ir ao espaço.
Joel consegue uma fita com a gravação original do lançamento da Apollo. Então a Ellie se sente transportada para aquele momento, realizando um sonho. A montagem dessa cena é impressionante, desde a euforia pela descolagem até o silêncio. Ele perguntou se estava bom demonstrando todo o carinho que tem em proporcionar a ela as melhores coisas.
É tão importante para ele porque assim é melhor que o seu pai, assim ele consegue viver parte daquilo que foi tirado dele com a morte da sua filha biológica, Sarah. Ele foi interrompido de ver sua filha crescer, talvez se culpe por não protegê-la e isso afeta diretamente o seu cuidado com a Ellie.
Até que ao crescer ele lembra como a adolescência é um período difícil para os pais. É onde os filhos parecem não se importar com essa relação, é o momento deles descobrirem tudo sobre o mundo, é a jornada de independência. E o confronto piora com algo que a Ellie carrega há muito tempo.
Aquela promessa que o Joel fez para Ellie foi internalizada por ela dando aquilo como verdade para seguir em frente, com sua vida e a relação com ele. Embora, desde sempre uma parte dela não acreditava 100% naquelas palavras.
Isso alinhado quando ela presenciou uma quebra de promessa de que não faria nada com o Eugene e quando ele conta para a Gail a sua versão sobre o ocorrido, aquilo é o seu ponto de ebulição. Explode e expõe a verdade para a psicóloga mostrando ao Joel que naquele momento ela estava disposta a enfrentar a verdade.
E, eventualmente, isso acontece na noite do ano novo de 2029.
Agora, pela perspectiva do Joel, finalmente vemos a conversa que eles tiveram na varanda. Um dos melhores momentos do episódio. Joel se dispõe a se acertar com ela, mas a mágoa dela é muito grande ao ponto de não suportar aquilo dentro dela mais. Então, é quando o questiona sobre aquele dia no hospital, sobre os vaga-lumes, sobre a chance de cura.
Esse momento é um dos que mostra a falta que o Joel, Pedro Pascal, faz. Uma atuação simplesmente absurda! Uma atuação só com gestos, reações, olhares. As emoções, o que ele sentia, a verdade escapando de dentro dele era o peso do mundo, a dor de confirmar a verdade é acompanhada do medo de perder a Ellie. Com ambos chorando naquele momento, para quem assistia era impossível conter a emoção.
A verdade dói, machuca. E doeu demais. É ver um pai quase perdendo a filha, uma filha quase perdendo o pai. É ver que o egoísmo dele é acompanhado do seu amor por ela, é pelo medo de perder mais uma filha.
O baque vem mesmo quando o diálogo está prestes a terminar:
Ellie: Porque você é egoísta.
Joel: Porque eu te amo… de um jeito que você não entende.
Ellie: Eu não sei se consigo te perdoar. Mas, estou disposta a tentar.
Com esse diálogo e com as atuações deles não teve como se conter.
Ela o perdeu sem a chance de tentar e perdoa-lo. A Abby tirou isso dela.