O 5º episódio de The Last Of Us finalmente trouxe a retomada da jornada de vingança da Dina e Ellie.
Sim, primeiro a Dina e segundo a Ellie porque até aqui é o resumo dessa 2º temporada de The Last Of Us. A Dina recebe mais um grande destaque, exercendo o protagonismo na maior parte desse episódio, isso não é um problema, é ótimo o desenvolvimento e background que ela está recebendo e a Isabela Merced dá conta, e muito bem, do recado, carrega esse peso e entrega demais!

O problema é o roteiro dessa temporada que, na maior parte dos episódios, não favorece a Ellie. Isso passa pela forma que foi escolhida dela internalizar esses sentimentos. Sabemos o que ela sente, a dor, o peso, a falta que sente do Joel. Isso foi muito bem mostrado no início do 3º episódio, talvez na melhor cena da Ellie nessa temporada, mas ficou nisso. Ela esconde tanto esses sentimentos que parece não existir, ao contrário da Dina que expõe seus sentimentos e a sede de vingança.
Isso é roteiro, não é culpa da Bella Ramsey. Ela faz o que pode com o que recebeu. Como nesse começo de 5º episódio, enquanto a Dina faz a triangulação e planejamento da estratégia para chegar ao hospital, a Ellie está vagando pelo teatro atoa. Por que não fazer ela checar os armamentos, os equipamentos, ajudar a Dina no planejamento qualquer coisa que mostra o foco dela na missão? Mas, não é isso que acontece. No entanto, ao menos temos um bom momento que ela pegando o violão no palco do teatro e começando a tocar ‘Future Days’, quando ela para de tocar dá pra notar o vazio e o peso da ausência do Joel.

Mas é isso, até aqui são poucos e bons momentos esporádicos que trazem essa falta que o Joel faz, o peso do que aconteceu. Uma pena.
Completamente ao oposto do roteiro, mais uma vez preciso falar sobre o design de produção. A qualidade técnica é simplesmente absurda! Os detalhes, a ambientação, os figurinos, o CGI, os efeitos práticos, etc. Tudo é simplesmente de primeiro nível! Nesse ponto The Last Of Us é sublime.
Ainda que o roteiro seja, até aqui, no máximo mediano, foi bom ver algumas coisas e bons diálogos nesse episódio. A conversa da Park, na abertura do episódio, com aquela outra líder da WLF, foi muito boa. É notável a dor da ação que ela teve para impedir um problema ainda maior, praticamente sacrificar o filho para selar o andar onde os esporos estão no ar. A cena, no final do episódio, onde mostra esse andar é simplesmente incrível, muito bem feita.

No caminho da Dina e Ellie para chegar até o hospital, elas passam por esse galpão abandonado cheio de infectados do tipo “inteligente” como eles dizem. Uma cena muito massa, aos poucos vai surgindo mais e mais e no clímax já são muitos. O plano delas vai por água abaixo e no modo “porque sim” o Jesse surge do nada para salvar o dia.

É legal ver o Jesse de volta e agora entrando em ação, mas a forma como foi é mais um caso de problema de roteiro, nesse caso foi preguiça de elaborar algo para encaixar ele e simplesmente o jogaram lá para salvar o dia. Ainda que, como ele diz, o Tommy também foi e cada um foi para um lado cobrir a área, é muita conveniência numa cidade do tamanho de Seattle se encontrarem tão fácil.
E esse é outro problema, Seattle não parece uma cidade, parece um bairro porque é tudo, praticamente, próximo. O território dos Serafitas, que é um parque da cidade, fica no quintal do hospital da WLF, o galpão que estava também ficava próximo, a jornada é reduzida com esses atalhos de conveniência a todo momento. Uma vez e outra tudo bem, mas não é bem assim.

Nesse mesmo parque observamos mais dos Serafitas e toda a sua brutalidade. No meio da sua fé, há um espaço para a violência. Com eles, é lado a lado. E isso é mostrado com o Lobo que foi capturado por eles. Visceral e impiedoso. Ótima cena!
E claro, o momento do episódio com o encontro entre Ellie e Nora. Nesse diálogo, finalmente sabemos que a Ellie estava ciente do que o Joel fez no hospital, agora fica claro o motivo dela se distanciar dele. E a posição da Nora reforça que está alinhada com a Abby, o Joel mereceu, segundo ela. Em uma fuga com zero segurança no hospital e momentos de ‘stormtroopers’, enfim podemos falar sobre vingança.

Foi muito bom a escolha do local onde a Ellie bota o terror na Nora. É o ambiente com esporos no ar, a luz vermelha iluminando o cômodo, é o lugar dela, e com uma pegada muito mais intensa e violenta. Agora deu para sentir a sede de vingança, a raiva, a dor, todo aquele sentimento internalizado.

Foi um ótimo desfecho para um episódio instável até o meio e melhorou até o final.
Agora, parece que há uma jornada de vingança. Finalmente!