Após um episódio mais contido, The Last Of Us chega com um bom 4° episódio.
O novo episódio de The Last Of Us abriu com a introdução impactante do Isaac. 11 anos antes do momento atual da série, mostra o Isaac como sargento da Fedra. Na repreensão que ele faz ao soldado do seu grupo mostra uma revolta, uma insatisfação e pensamentos desalinhados com o sistema da Fedra em relação às suas convicções.
É quando ele se encontra com uma galera da WLF e vira o jogo explodindo com uma granada naquele grupo no veículo. Um garoto ainda foi escolhido por ele a se retirar antes de explodir com tudo, isso quando ele percebeu o questionamento do garoto, embora simples, mas era claro o sentido da pergunta.
Quando Isaac reaparece mais a frente no episódio, é com um ótimo texto antes de vê-lo torturar um Serafita que seu grupo capturou. O texto menciona um sonho seu que era impossível antes dos infectados, mas o Apocalipse possibilitou ele conseguir aquelas panelas francesas que ele tanto desejou durante parte da sua vida. Forte.
E segue com ele torturando aquele homem com a panela quente, enquanto o Serafita reforça que no grupo deles ninguém deixar de ser um Serafita, mas já vi Lobos se tornando Serafitas, quando o Isaac sobe o tom pra continuar a tortura o homem já está com a mão extendida para receber aquela dor. Isaac percebe que, diferente do que já viu, um Serafita não vai mudar. Esse viés religioso, uma força de fé é, de fato, inabalável, eles seguem esse caminho até a morte. E é isso que acontece.
Uma introdução brutal e imponente do Isaac. Para um primeiro vislumbre, foi uma grande apresentação de personagem.
Outro momento envolvendo Lobos e Serafitas foi quando a Ellie e a Dina entram na estação de TV e se deparam com os corpos de integrantes da WLF pendurados enforcados com as tripas de fora no centro do palco. Realmente, um show. O impacto da brutalidade dessa cena é transmitido brilhantemente pela Dina. Atuação absurda da Isabela Merced nesse episódio. E mostrando que não tem lado bom, ninguém é mocinho, cada um é cruel e brutal defendendo a sua causa, vingando a sua tribo.
Antes disso, logo após a introdução do Isaac no episódio, vemos os primeiros momentos de Ellie e Dina em Seattle.
A ambientação precisa ser destacada porque toda essa parte técnica da série é de outro nível. É uma qualidade e beleza absurda! Simplesmente imersivo e fantástico! Todos os detalhes, os objetos, os prédios, os veículos, a cidade em si é tudo feito com muito carinho e a qualidade que a série trás nesse aspecto é prova disso. É impecável!
Voltando a dupla, elas passam primeiro pela farmácia onde a Dina faz o teste de gravidez, depois segue pela rua e onde encontram a loja de instrumentos musicais e discos e também é o lugar da cena mais bonita do episódio. Quando a Ellie está tocando o violão cantando ‘Take on Me’ do A-Ha, enquanto a Dina chega e fica ouvindo ela cantar, admirando, se apaixonando por ela. Toda a composição da cena é linda, a luz entrando e iluminando a Ellie com a Dina sentada no chão ouvindo ela cantar, é linda!
A música casa perfeitamente com o momento e com elas. Trecho dela diz assim:”Estamos jogando conversa fora, eu não sei o que vou dizer, eu direi mesmo assim. Hoje é outro dia para te encontrar, me evitando, eu voltarei para buscar o seu amor, tá bom? Me dê uma chance, me aceite, eu irei embora em um dia ou dois.” E esse episódio é justamente o dia um. Ela irá embora talvez seja uma pista de quando a Ellie vai ter essa virada da brutalidade que ainda não chegou.
Essa parte é incrível.
Contudo, nada são flores, logo elas descobrem um local onde a WLF pode estar e a Dina, sendo a personagem mais completa em tudo, bolar uma estratégia de irem a noite para não serem vistas. A noite, sob muita chuva, conseguem entrar no local que é uma estação de TV. Como já citei acima, elas encontram os corpos dos Lobos e logo mais deles chegam lá para verificar um pedido de socorro que uma das pessoas pediu antes de morrer. Aqui começa uma sequência de tensão e ação envolvente e muito boa.
É muito tenso acompanhar elas quase escapando, mas a Ellie é descoberta e precisa matar um homem, assim como a Dina precisa fazer também. Conseguem fugir da estação de TV e as cenas noturnas na chuva são absurdas. O visual noturno da série também mantém o nível de qualidade das cenas do dia. É realmente um trabalho de elite! Então, elas entram em um metrô abandonado que teve um desmoronamento, então dificulta um pouco a chegada e a movimentação para sair.
Essa cena do metrô é a mais alucinante e tensa do episódio. Do momento em que mais integrantes da WLF chegam para procurar por elas, até os primeiros barulhos dos infectados é uma tensão absurda. O momento em que a Dina está contando quantos são até eles surgirem em uma multidão correndo é sensacional. Muito disso porque a Dina passa o sentimento de tensão, medo, desespero, horror. Tudo em silêncio, só pelo olhar. E quando a horda dos infectados chega é pura adrenalina na fuga delas daquele local.
Todo o percurso de entrar no vagão, passar por dentro dele para escapar dos infectados que a cada vagão estão mais próximos até conseguirem entrar é muito bom. A direção do episódio é muito boa, mas nessa parte em especial tem um destaque maior. No entanto, apesar de conseguirem fugir nos vagões, ficam presas na roleta, eu acho, e um infectado vai morder a Dina quando a Ellie coloca o braço na frente e é mordida.
É um momento diferente do jogo, lá é através dos poros, pois a máscara da Ellie quebra e então ela conta, aqui sendo assim ficou muito convincente e bom. Traz mais realismo para isso e para a reação da Dina também. De novo, mais um show da Isabela Merced, MVP do episódio. O olhar dela de dor, medo e sofrimento porque precisava atirar na Ellie era claro. A atriz conseguiu transmitir isso muito bem. Mas como era hora dos segredos, ela também fez uma confissão revelando que está grávida do Jesse. E a série para aproveitar um cena só, já colocou o momento de sexo delas tudo nisso aí em sequência.
E aí chegamos nos problemas do episódio. As revelações funcionam, nenhum problema aí. A questão é terem colocado a cena de sexo nesse momento, depois de tudo que aconteceu e essas confissões, não vejo como isso terminaria em sexo. Muito mais natural ser um embate, uma questão de confiança ou até prioridades como no jogo. E se esse momento íntimo delas fosse naquele momento na barraca, seria muito mais coerente e talvez trouxesse um impacto maior agora. Não fez antes, precisou colocar tudo junto porque de agora em diante não haveria lugar para isso.
Assim como a falta da profundidade de vingança, muito afetada pelo maior erro da série até agora que foi a passagem de 3 meses, é um problema. Ela tem a missão dela, encontrar a Abby. Mas, talvez seja um problema de roteiro, falta essa determinação, essa busca impetuosa pela Abby, um senso de urgência de vingança maior motivado por flashbacks, lembranças, traria um peso maior. Assim como na cena do violão, se mostrasse ela lembrando do Joel ali, seria um gatilho para reforçar o peso daquela jornada. O peso da falta dele foi totalmente arruinado pela passagem de 3 meses.
Dá para passar um pano pela essa falta de sangue nos olhos da Ellie por isso, essa passagem só prejudicou todo esse background motivacional. Mas, não apaga a falta de protagonismo da Ellie. Esse episódio foi quase todo com base nas ações e resoluções da Dina. Ela carregou esse episódio nas costas, tanto na atuação como em protagonismo. Ela é a estrategista, ela toma as decisões inteligentes, ela faz as escolhas e direciona o caminho.
Aí é complicado porque parece que a Dina é protagonista. E não é um problema a Dina ser assim, é muito massa e é ótimo que ela seja assim, é o correto mesmo. A questão é a falta de protagonismo da Ellie em muitos momentos essenciais. Aí é um estorvo do roteiro, infelizmente deixa a desejar para a Bella Ramsey em alguns momentos.
Na atuação, a Bella vai muito bem, mas no texto ela não é ajudada, aí acaba pesando da forma que recebemos e vemos a história.
O episódio termina com um ótimo gancho para o próximo com a cena do alto do prédio visando o local aonde a Nora está e elas precisam chegar. Então, elas tem dimensão do tamanho da WLF e do perigo que vão enfrentar. Acho que agora a Dina queria estar certa sobre eles serem um grupo pequeno.