Silo 2º Temporada: Devagar, mas muito importante.
A primeira temporada de Silo terminou super em alta e com um ótimo gancho deixando muitas perguntas para a segunda temporada. Toda a qualidade da primeira temporada fez com que Silo fosse uma das melhores do seu ano de lançamento, em 2023. Claro, a presença de Rebecca Ferguson é o ponto principal e crucial da série, ela é produtora e a protagonista.
Logo, todos esses elementos a favor fizeram com que a segunda temporada tivesse muitas expectativas e se manteria o mesmo nível ou até elevasse ainda mais, e eu, por exemplo, estava com muitas expectativas, mas será que correspondeu? Será que ficou à altura da primeira temporada?
O gancho da última cena do último episódio da primeira temporada foi excelente. Acompanhamos a Juliette caminhando no meio do vazio, da destruição enquanto a imagem vai ampliando e podemos observar a existências de tantos outros Silos, inclusive, relativamente uns próximos aos outros. A segunda temporada abre diretamente daquele momento.

Juliette consegue chegar a outro Silo próximo, Silo 17, e consegue entrar nele. Contudo, a primeira imagem é de destruição e morte. Inúmeros corpos espalhados desde a saída/entrada do Silo, nas escadas, até chegar dentro dele. Já ficou claro que as pessoas tentaram sair, fugir e foi isso que matou todos ali, ou quase todos. Houve uma expressiva rebelião no Silo 17 há décadas atrás e foi o que causou aquela carnificina.
Começo ótimo, muito promissor e interessante. Trouxe ainda mais perguntas, do que houve ali, qual o motivo da rebelião, todos morreram mesmo, alguém sobreviveu, havia algo importante ali? E tantas outras perguntas. No entanto, a partir daí, do segundo episódio as coisas começaram a ser arrastadas demais.
Conhecemos o personagem do Steve Zahn, o Solo. A princípio o único sobrevivente do desastre ocorrido naquele Silo. Um personagem muito interessante e, no começo pareceu estranho, logo desenvolveu um certo carisma. Ele é um ponto de encontro para Juliette, é a sobrevivência e humanidade dele que fazem a Jules ter uma ótima, embora lenta, curva nessa segunda temporada. No entanto, de novo, é arrastado demais. Talvez, por alternar e priorizar o Silo da Jules, o 17 acabou sofrendo com o desenvolvimento narrativo. Não por ser ruim, longe disso, mas por ser muito devagar para chegar aonde precisa.

Um exemplo disso é que só vamos saber de outros sobreviventes nesse Silo a partir do episódio 7, se não estou enganado. Até para conhecermos toda a história e do que ocorreu naquele Silo é só no último episódio em que tudo fica esclarecido. Apesar disso, o que aconteceu ali, é um ótimo ‘what if’, na verdade não chega a ser isso porque, de fato, ocorreu, mas é algo a se pensar: Quantos outros deram errado? Quantos outros ainda estão ativos?
Os acontecimentos no Silo 17 reforçam o quão casca grossa é a Jules. Aprendeu a nadar, se feriu gravemente, levou flechada, ainda teve que lidar com o Solo, um cara com muitos traumas e um total desconhecido naquele vazio e, no final, ainda aturar pirralho enchendo o saco, e claro, além de descobrir o que evitar para a destruição do seu Silo e conseguir um novo traje para conseguir voltar para o seu Silo e impedi-lo que tenha o mesmo destino do Silo 17.
Dito isso, falando do seu Silo, as coisas lá não foram tão melhores assim. Embora, sim, teve mais ação, aconteceram mais coisas, o que era esperado, mas também demoraram a acontecer. De novo, não que isso seja ruim contanto que a construção seja eficaz, mas em alguns momentos a história ficou dando voltas e voltas, como a rebelião da mecânica. Toda hora acontecia algo e dava errado, praticamente todo episódio, para ficar tudo para o último episódio e ser “resolvido” com uma cena.
É válido reforçar que a mecânica queria buscar respostas, responder a opressão sofrida, conseguir ter voz e isso foi tentado diversas e diversas vezes, deu errado até o final. Sendo que poderia ter acontecido aquilo antes, mas tudo bem.
Os pontos mais interessantes foram: a continuidade e crueldade do Bernard, que baita personagem, o Tim Robbins manda bem demais, um cara para amar odiar, que personagem, a morte da juíza Meadows, mas isso já estava se desenhando então não foi impactante, mas importante, o choque de realidade do Sims e, agora em prática, a manipulação e interferência fundamental da sua esposa Camille em alguns momentos, xerife Billings indo contra o Bernard e a promoção de Lukas Kyle a sombra do T.I, esse um ponto crucial para a história.

Não parecia muita coisa além de mais uma manobra de manipulação do Bernard, mas foi além disso e foi um dos pontos altos. Reforço a importância do Kyle porque é a partir da perspectiva dele que conseguimos descobrir o maior plot da temporada. Lukas decifrou o código do Salvador Quinn e isso o levou a um túnel no fundo do Silo, onde foi feita a parte de escavação. Até então, só havia água ali, mas a descoberta dele o faz encontrar um túnel que levava a uma porta quando uma luz o ilumina e uma voz surge.
A voz parece ser a mesma presente na câmara secreta do T.I e faz um ultimato para o Lukas, dizendo que não poderia falar para ninguém a respeito do projeto Salvaguarda. O que não é feito por ele, óbvio, falou para o Bernard assim que o encontrou. E o prefeito foi tão impactado por essa revelação que simplesmente desistiu de agir como prefeito. É quando a ficha cai que ele não estava no controle, nunca esteve. Ele era uma fachada. O controle mesmo está em outras mãos ou consciência.
Manter a ordem era a prioridade, crucial. Então, a partir de que o caos faz parte tudo está em risco. O projeto Salvaguarda é na verdade um veneno letal, e em cada Silo tem a capacidade para matar as 10 mil vidas que habitam o local. Controle. É o que fez a Meadows abandonar o seu cargo, pois ela também havia descoberto e foi o que destruiu Bernard.
Embora isso parecesse o fim do Silo 18, na verdade essa descoberta também foi feita pela Jules no Silo 17 porque foi isso o que aconteceu nele, foi o que dizimou a população dele durante a rebelião. Solo sobreviveu porque estava na câmara que ela selada e o outro pessoal, que foi revelado já no final da temporada estava em uma área que não foi afetada.
O desespero e a corrida contra o tempo é nítido pela Jules, Rebecca entrega muito no papel e cada sentimento que ela consegue transmitir reforça isso, então ela consegue retornar ao seu Silo, ao mesmo tempo que a rebelião está estourando e grande parte das pessoas comandadas pelo Patrick querem sair e está um caos no refeitório, todo mundo contra todo mundo. Até que alguém fala o nome “Juliette” apontando para o telão e todos se voltam para a tela e ficam em silêncio. Foi de arrepiar.

Ela voltou.
O silêncio que havia tomado conta logo foi preenchido por gritos, vibração e comemoração. Havia esperança, afinal. Jules escreveu uma mensagem em um pedaço de pano e mostrou no telão. Um pedido para ninguém sair pois é perigoso lá fora. Essa é a verdade. Então, ela consegue entrar no seu Silo e encontrar com o Bernard. Um encontro tenso, mas naquele momento eles precisavam deixar essa tensão e as desavenças de lado pois tudo estava por um fio.
Assim que retornaram para a câmara, a sala foi preenchida por fogo e não vemos mais os dois. Contudo, é óbvio que a Juliette vai sobreviver. Fica a questão em relação ao Bernard.
Parecia o fim, mas não é. A última cena é direta para o passado, vemos um rapaz que trabalha no governo, um congressista e uma mulher no que parece um encontro em um bar. Logo as cartas são mostradas. Ela é uma jornalista e se encontrou com ele em busca de respostas. Menos de 5 minutos de conversa foi um dos melhores momentos do episódio.

A jornalista mencionou “bomba suja” e deu um direcionamento para o que pode ter acontecido e o que levou a situação atual da série. Ela questiona ao homem se os EUA vão retaliar o ataque que o Irã fez no país, e também menciona que foi uma arma biológica. Bem, partindo dessas menções, surge uma direção que levou à quase extinção da população.
Esse momento é muito interessante porque é todo um contraste com o que a série estava mostrando até então, foi uma cena muito boa e um diálogo muito importante e um direcionamento crucial para a próxima temporada. E por fim, o homem entrega à mulher a relíquia que vemos muitas vezes no Silo 17 e corta. Fim épico e promissor para o futuro da série.

Jessica Henwick é Helen, a repórter, e Ashley Zukerman é Daniel, o jovem congressista. Ambos foram confirmados como personagens recorrentes na 3º temporada. É muito provável que terão muito destaque e seus papéis serão cruciais na próxima temporada. Além disso, provavelmente será quase uma temporada prequel. Obviamente, mostrando o presente, também será muito mostrado e desenvolvido o pré desastre.
Muito ansioso para a próxima temporada, tanto pelos acontecimentos no Silo da Jules quanto pela introdução desses novos personagens que proporcionará mostrar quando tudo começou, muito empolgado mesmo para assistir tudo isso logo. Acredito que o gancho foi tão bom quanto o da 1º para a 2º temporada. Uma coisa que a Apple sabe fazer é final de temporada, salvo algumas exceções.
O saldo final é de uma temporada que, de forma muito lenta, desenvolveu tanto até repetir muitas coisas, mas foi recuperada por bons últimos episódios e um excelente episódio final. Destaque para Rebecca Ferguson é claro, mas também para o Steve Zahn que foi bem demais como Solo, e claro Tim Robbins como Bernard é maravilhoso. Que homem para se odiar, que grande personagem.
Agora, a próxima temporada já está em desenvolvimento e as ideias para a 4º temporada também já estão começando a serem discutidas.