Round 6: Refém do seu sucesso

Round 6: Precisava mesmo de uma segunda temporada?
Round 6
Foto por No Ju-han / Netflix

A indústria sempre foi assim. Seja no cinema ou na tv, se faz sucesso, continua. Há história para contar? Sim? Não? Não importa, continua. E a chegada do streaming potencializou isso com catálogos quase sem fim, séries e mais séries chegando a cada mês e o que já fez sucesso vai continuar até concluir a história, como Stranger Things, ou, mesmo que a história seja praticamente fechada ainda há aquela pontinha para possível continuação. 

Por quê? Porque no streaming, especialmente na Netflix, as séries precisam ter tudo explicado e mastigado, se deixar algo subjetivo não presta. Assim o óbvio foi feito. A primeira temporada de Round 6 foi um sucesso absurdo, algo gigantesco. Os números da primeira temporada:

Fonte: Netflix

Simplesmente é a série mais assistida na história da Netflix. Logo, sucesso de público e crítica, excelente qualidade e sucesso comercial com esses números extraordinários é claro que teria continuação. E não vou entrar na discussão se precisava ou não, isso é subjetivo. Fato é que, além de todo esse sucesso citado, Round 6 precisava contar o que Seong Gi-hun iria fazer, como iria fazer e qual resultado teria essa sua vingança. 

Bem, concluída a segunda temporada, pelo menos assim ficou pela Netflix. Digo isto porque ela acaba simplesmente no meio da narrativa, como quebrar a história em duas partes, então esta seria a primeira parte da segunda temporada, não foi como o final da primeira, ao menos não foi essa sensação. E isso foi alguns dos baldes de água fria durante 5 episódios.

Os episódios 1 e 2 são muito bons. É interessante ver como quem trabalha nos jogos são recrutados e como é designado o seu papel, como é o background daqueles mascarados. Especialmente pelo personagem que recruta as pessoas para os jogos, ele foi sensacional! Entregou e muito, tanto nos diálogos como na atuação como naquele momento no parque em que dá oportunidade de escolha aos moradores de rua quanto no momento em que sequestra os dois caras que trabalham pro Gi-hun até quando joga com o próprio. Ele definitivamente ergueu o nível, mas foi só. 

Lee Jung-jae, Gong Yoo. Foto por Noh Ju Han

Os próximos 5, ainda que possuam bons momentos, como violência desenfreada, não evoluiu e fica entre discussão de votos e repetições de momentos da primeira temporada junto com o Gi-hun sendo usado, de novo.

Ainda que haja adição de alguns personagens interessantes, o plot da história já é revelado logo de cara, não tem mais aquele impacto da primeira porque eles repetem a mesma coisa que havia dado certo. A questão é, antes fez todo sentido, nesta segunda temporada não. Ah, Round 6… e isso é, já sabemos que o Gi-hun vai confiar e ser traído pelo jogador 001, de novo. Este agora é o próprio cabeça dos jogos. Parece um déjà vu porque é. Toda essa subtrama que vimos na primeira temporada de Round 6 é trabalho de novo. E sabemos como vai terminar.

Round 6
Foto por No Ju-han/Netflix

Embora, haja a mudança e adição de alguns jogos, isto é o mínimo pois passaram-se 3 anos dos eventos da primeira temporada, e conseguem trazer coisas boas nessas dinâmicas trazendo elementos para ser a temporada anterior, mas não é. A segunda temporada de Round 6 tenta ser a primeira, mas não é. O sarrafo era muito alto. Tentar seguir e manter o nível foi uma escolha ousada, mas óbvia. A primeira foi um choque, algo diferente do habitual, fora os dilemas morais e éticos, foi algo especial. Não à toa fez tanto sucesso por ser tão bom. 

Repetitiva, violência exagerada, ainda que boas cenas, mas foi colocado um exagero como na cena do banheiro, por exemplo. Temos o ataque noturno, de novo. Agora Gi-hun já sabia o que iria acontecer e usou isso para uma emboscada para atacar o sistema, o jogo. É óbvio, não resultou em nada a rebelião que ele causou, trouxe mais traumas, perdas e não mudou em nada. 

Ah, ainda lembrando do capitão, aquele cara do barco que encontrou e ajudou o Ha-Joon após ter levado tiro do chefão dos jogos no fim da primeira temporada. Ele já parecia suspeito desde o começo. Dizia mega experiente, conhecia tudo, mas não sabia de nada. Como não se encontrou o Ha-Joon ainda vivo? É improvável que estivesse longe da ilha quando o encontrou. Essa subtrama da procura só foi boa até o recruta ser encontrado, depois disso só ficou algo para preencher o espaço de tela. 

Este foi Round 6 – 2º temporada, tentando manter o alto nível do que um dia foi, mas sem tantas novidades e algo que realmente fizesse a diferença, disruptivo. Apenas um omelete com o que teve de melhor, ou fez sucesso, na primeira temporada. Refém do seu sucesso.

Agora, é aguardar a 3º temporada de Round 6 que sai ainda este ano.

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