A edição 82º do Globo de Ouro foi uma das mais surpreendentes dos últimos anos.
Isso porque a Hollywood Foreign Press Association, um grupo de jornalistas que era responsável pelas honrarias, entrou numa posição de controvérsia em 2021 após a notícia de que o grupo não tinha membros negros. Então, a associação foi posteriormente reestruturada como uma empresa com fins lucrativos, que agora é propriedade da Penske Media, em conjunto com a Eldridge. Agora, o órgão de votação é mais diversificado, além de contar com 300 jornalistas de entretenimento de 85 países. Antes das mudanças, os vencedores eram determinados por menos de 100 membros.
Logo, partindo dessa nova gerência, dessa grande reestruturação, podemos acompanhar que as coisas realmente mudaram nessa edição do Globo de Ouro em Los Angeles. Além da edição de duas categorias, uma em homenagem ao melhor especial de stand up, que foi para Ali Wong por “Single Lady”, e outra de melhor bilheteria, que foi concedida a ” Wicked “.
E para alívio de quem estava presente na cerimônia do último domingo e para nós que estávamos acompanhando de casa, essa reestruturação também movimentou a parte de apresentação. Isso porque no último ano, a edição 81º do Globo de Ouro foi um completo e gigantesco desastre com a apresentação horrorosa de Jo Koy. Foi algo extremamente constrangedor e embaraçoso, possivelmente a pior apresentação de premiação já vista. Então, calhou bem essa mudança pois tivemos a Nikki Glaser, uma comediante americana, na apresentação deste ano.
O início foi um pouco estranho, mas logo ao ficar confortável conduziu bem a abertura. O humor americano é diferente, então nem tudo é engraçado pra nós, mas ainda assim ela foi sútil e foi bem nas piadas e comentários, ainda uma excelente piada que foi ao comentar sobre Coringa 2 não ter uma mesa na premiação. Mas, ainda assim, nada agressivo ou constrangedor como no último ano. Uma melhora necessária para limpar a imagem que havia ficado do último ano.
Todavia, as maiores surpresas da noite foram duas que corriam por fora da premiação, mas que devido a grandiosas atuações, tiveram o merecido e devido reconhecimento. Fernanda Torres e Demi Moore, Melhor Atriz em Filme – Drama e Melhor Atriz em um Filme – Musical ou Comédia, respectivamente. Que noite histórica e inesquecível!
Fernanda Torres chegou a mesma posição que sua mãe havia chegado em 1999 pelo filme Central do Brasil, mas dessa vez a justiça foi feita. 25 anos depois Fernanda Torres conquista o prêmio que sua mãe, Fernanda Montenegro não ganhou. É uma reparação histórica. Memorável. O peso ainda é maior por vencer numa categoria com uma concorrência extremamente pesada. Kate Winslet, Angelina Jolie, Tilda Swinton e Nicole Kidman eram as adversárias da noite. Que conquista gigante!
Demi Moore também merece e muito o reconhecimento pela sua maravilhosa atuação em “A Substância”, a melhor da sua carreira. Com toda essa reestruturação no Globo de Ouro, a premiação olhou para essa magnífica atuação, ainda que seja dentro de um gênero totalmente ignorado pelas premiações, o terror, mas isso não importava. Não havia como ignorar o trabalho sublime de Demi Moore nessa temporada. Aos 62 anos, com 45 anos de carreira, conquistou o seu primeiro prêmio como atriz. Histórico!
“Trinta anos atrás, um produtor me disse que eu era uma atriz pipoca, e naquela época eu fiz isso significar que isso não era algo que eu tinha permissão para ter. “Que eu poderia fazer filmes que fossem bem-sucedidos e que renderiam muito dinheiro, mas que eu não poderia ser reconhecida.” disse Demi Moore no seu discurso de agradecimento. Bem, agora ela foi reconhecida com justiça e desponta em alta novamente. Que retomada magistral na carreira!
Além desses momentos históricos, tivemos surpresas e esnobes. Anora, filme premiado nos festivais e vinha com muita força e destaque na temporada, parecia sobrar, mas não levou um Globo de Ouro para casa. Esnobe absurdo pois o filme merecia ao menos um prêmio, não deu dessa vez, a ver nas próximas premiações. A surpresa ficou na categoria de Melhor Roteiro, prêmio que ficou com Conclave pelo roteiro de Peter Straughan, para ter uma ideia, outros nomes na categoria eram Sean Baker (Anora), Coralie Fargeat (A Substância), Brady Corbet (O Brutalista), por exemplo.
No panorama geral, os filmes e séries que não eram surpresas, mas sim favoritos confirmaram essa tendência para o Globo de Ouro. “Emilia Perez” , que havia conquistado 10 indicações, levou 4 prêmios. Incluindo de Melhor Filme Internacional, superando Ainda Estou Aqui, por exemplo. Outro destaque foi O Brutalista que conquistou 3 prêmios. Esses dois são filmes de perfil premiação. Do jeito que as premiações gostam de considerar e destacar como favoritos, aqui isso só foi confirmado.
Já pelo lado da TV, tivemos a surpreendente vitória de Colin Farrell na categoria Melhor Ator em uma Série Limitada, Antologia ou Filme para TV, pelo seu papel absurdo como Oz Cobb, o Pinguim na série do próprio na Max. Agora, pelo lado das séries como um todo, “Shōgun” foi o destaque ao levar 4 prêmios para casa. Outros destaques foram “Bebê Rena” e “Hacks”, cada um levou 2 prêmios para casa.
Confira a lista completa dos vencedores aqui.
Agora, o próximo evento é o Critics Choice no próximo domingo, dia 12.