Fernanda Torres. Apenas.
Neste último domingo, ontem dia 05 de janeiro, ocorreu a 82º edição do Globo de Ouro. Esta edição foi histórica para Fernanda Torres ao conquistar de forma épica o seu primeiro Globo de Ouro. Uma marco para Fernanda e uma reparação histórica pois sua mãe Fernanda Montenegro concorreu na mesma categoria em 1999 pelo filme Central do Brasil, mas não levou a estatueta. Agora, bem, agora a justiça, mais do que merecida, foi feita.
Essa é a primeira vitória do Brasil no Globo de Ouro desde 1999, quando Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles, venceu como Melhor Filme em Língua Não-Inglesa.
Essa vitória consolida de uma vez por todas Fernanda Torres como uma das principais atrizes da temporada, e agora, ganha muita força para as premiações a seguir e uma luz visando uma indicação ao Oscar.Tudo isso, especialmente, por quem concorria na categoria ao lado da Fernanda Torres, com nomes como Pamela Anderson (The Last Showgirl), Angelina Jolie (Maria), Nicole Kidman (Babygirl), Tilda Swinton (The Room Next Door) e Kate Winslet (Lee). Disputa de pesos pesados, com Jolie despontando com leve favoritismo segundo as previsões, apesar da dificuldade sabíamos que era possível e valeu a torcida.
Uma vitória contra nomes de elite de Hollywood e com todo contexto envolvido acerca da Fernanda é ainda mais especial, é icônica e histórica!
Fernanda Torres interpreta Eunice Paiva, uma esposa que está lidando com o desaparecimento forçado de seu marido, enquanto precisa cuidar da casa e dos seus filhos, o ex-político de esquerda Rubens Paiva, durante a ditadura militar do Brasil. Atuação que, certamente, irá reverberar por muitos e muitos anos. Uma sólida, emocionante e extremamente forte performance de uma das maiores atrizes da sua geração.
O papel desempenhado por ela no longa consolida isso. A sutileza e os detalhes que Fernanda trás pro papel enriquece absurdamente sua atuação. Seja por um olhar, seja pelos momentos em que precisa se conter mesmo querendo externalizar todo aquele sentimento e sensação que está dentro de ti. É tudo tão perfeitamente alinhado, conduzido e dado vida que é impossível não se sentir tocado pela personagem.
Fernanda Torres em pleno choque se direcionou e subiu ao palco para receber o prêmio e este é um dos grandes da sua família, por tudo que esta vitória representa, e também da história do cinema nacional.

Então, no seu discurso de agradecimento ela disse:
“Meu Deus, eu não preparei nada porque já estava satisfeita. Esse foi um ano incrível para as atuações femininas. Tantas atrizes aqui que eu admiro tanto.
E, claro, eu quero agradecer a você, Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! E, é claro, eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia. Ela esteve aqui há 25 anos.
E isso é uma prova que a arte pode durar pela vida, até durante momentos difíceis, como esta incrível Eunice Paiva, que eu fiz, passou.
E a mesma coisa que está acontecendo agora, em um mundo com tanto medo. E este filme nos ajuda a pensar em como sobreviver em momentos duros como este.
Então, à minha mãe, à minha família, para o Andrucha [marido de Fernanda], para o Selton, meus filhos, a todos. Muito obrigada ao Globo de Ouro, Michael Barker, Mara, tantas pessoas. Muito obrigada!”

Ainda Estou Aqui. estreou no Festival de Cinema de Veneza, onde ganhou o prêmio de melhor roteiro. Desde então, foi nomeado como um dos cinco melhores filmes internacionais pelo National Board of Review e recebeu outra indicação ao Globo de melhor filme estrangeiro, mesmo não ganhando nessa categoria, é extremamente simbólico e vitorioso o reconhecimento por ser considerado e estar ali com visibilidade de ser um dos melhores filmes da temporada. Ainda Estou Aqui também foi selecionado como o representante do Brasil no Oscar de melhor filme internacional.
“Começamos este projeto pensando que estávamos recontando uma história do passado, mas percebemos que também era um reflexo do nosso presente”, disse Walter Salles em entrevista para a Variety.
Um belíssimo, memorável e glorioso momento. Presenciamos a história.
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